quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Hera



O primeiro personagem que será abordado é na verdade uma deusa, a deusa Hera. Ela é o tipo de mulher que pode ser chamada decidida, afinal casou-se com o deus mais famoso do Olimpo, e note que, apesar dos gregos serem mais liberais em relação aos relacionamentos afetivos, a união entre Hera e Zeus era chamada pelos gregos de Casamento Sagrado, indicando a importância dada ao matrimônio entre homens e mulheres. Apesar de ter se casado com o deus mais popular não podemos dizer que essa união era pacífica, como muitas do tipo, pois Zeus não se contentava somente com sua esposa e na primeira oportunidade descia o Olimpo para envolver-se nos mais diversos romances.
O primeiro conto tratará justamente de uma "escapada" de Zeus, que na verdade não foi bem sucedida. Eis a história:




Era de manhã, bem cedinho, quando Zeus resolveu passear pelos bosques mortais, o que na verdade era comum para ele, uma vez que gostava muito de caçar, nos dois sentidos, se podemos assim dizer, e desta vez não foi diferente, pois já há algum tempo ele enamorara-se de uma belíssima ninfa cujo nome era Io, filha de um rio-deus. Io possuía um longo cabelo azul que descia ao talhe das costas, além de formosos olhos azuis e um manto verde aquático que envolvia seu corpo, deixando-a mais sedutora. Por outro lado, como Hera tinha conhecimento que esses passeios não eram tão inocentes como Zeus afirmava, e pela sua intuição feminina, e que nela era muito bem desenvolvida, não sem motivo, ficava a espreita e sempre que possível procurava pelos rastros do marido.


Se por um lado Hera era intuitiva, Zeus não era imprudente, em partes, afinal transformara Io numa maravilhosa novilha para então a manter perto dele, mas muita prudência pode ser imprudente, e assim foi no caso de Zeus, que, como se não bastasse transformar Io numa novilha cobriu o céu nas proximidades onde eles estavam com uma grossa camada de nuvens negras, para obviamente impedir que Hera o visse, no entanto ao procurar mais tarde Hera o marido notou aquele ponto onde as nuvens estavam carregadas e pensou – Ora, ora, vejamos aqui que tão pequeno espaço para um concílio nuvens, não, isto não parece certo, mesmo eu não tendo o poder de movê-las, afirmo que não estão aí à toa – resolveu então descer para aqueles campos ao leste do Olimpo, e uma cena muito peculiar chamou-lhe a atenção.
- Olha, eis que encontro meu tão amado e fiel esposo vagando pelos campos nublados do leste – E notou a óbvia expressão de surpresa de Zeus, continuou, então, com uma fala mansa, mas terrivelmente torturante para Zeus – Zeus, não sabia agora que estás para o campesino, para mim saías apenas para caçar, provar da carne suculenta dos mais diversos animais, e agora passas a pastorear novilhos, ou melhor, apenas um novilho – depois de uma pequena pausa – um novilho incrivelmente belo, sabes tu que desejo fortemente possuí-lo. – nesse momento Zeus quase perdeu o fôlego, ou pelo menos o que ainda restava, Hera, por outro lado, deliciava-se com a cena e continuou – Bem podes me dá-lo, gostaria muito de lidar com uma preciosidade como esta.


Sem alternativas, a única opção de Zeus foi ceder o novilho, colocando Io nas mãos de Hera. A primeira coisa que Hera fez foi deixá-las aos cuidados de Argos, que possuía cem olhos no rosto de modo que nunca dois olhos ficassem fechados, ou seja, as chances de Io fugir eram remotas, sim, eram remotas, mas não impossíveis, e Zeus sabendo disso aproveitou para conversar com Hermes um plano para libertar Io.
Numa tarde de outono Hermes desceu do Olimpo, e transfigurou-se como um camponês qualquer, mas trazia consigo uma belíssima flauta com um som suave e azul, e vagou tocando-a perto de Argos. Ao notar tão adorável melodia, Argos chamou Hermes para perto de si, que aproveitou e tocou uma canção doce que faria qualquer mortal adormecer profundamente, mas para infelicidade de Zeus, Hermes e Io, Argos sempre permanecia com dois olhos abertos. Nessa hora, já enfadado de tocar a flauta, Hermes aproveitou para iniciar uma história, um plano "b", que nem Zeus havia definido. Dessa vez sim, Hermes conseguiu que após um dia e uma noite de uma longa história Argos adormecesse, e sem demora decepou-lhe a cabeça. O barulho causado pelo urro de Argos rompeu os ares e chegou até o Olimpo, onde Hera aflita percebeu o que havia acontecido, e, ao ver seu amigo morto, trouxe cada olho e adornou a cauda do seu pavão. Quanto a Io, lançou-lhe uma maldição de forma que enviou um mosquedo para atormentar Io, fazendo-a fugir pelo mundo.


Muitos meses se passaram, e Io ainda novilha corria pelo mundo, apavorada. Diante desta situação Zeus propôs um acordo com Hera, que consistia em transformá-la de volta em ninfa e permitir que voltasse para seus pais, que depois de todo esse tempo já era tida como morta, em troca do juramento de Zeus de não mais cortejá-la. Hera, que pode ser muito cruel, sabe a hora de ceder e aceitou o acordo, de modo que Io pode voltar à sua forma humana e à sua família.






Hera somente se queixava de uma coisa – Devia ter tosquiado-a, teria agora um ótimo e encantador casaco, que certamente causaria em Afrodite muita inveja.







2 comentários:

Vanessa/Miss Pain disse...

E eu que já tava achando que a Hera ia era assar a Io... SAHUSHAUSHASUAHSUHSUSHUSHUAH Como eu sou máááá! =OOOOO Adorei o conto, a Hera como sempre deixou Zeus no chinelo. (H)

Vanessa/Miss Pain disse...

Aaaaaahhh e o desenho tá liiiindo, amei!! Ele define exatamente a imagem de poderosa da Hera. XDD Parabéns! *_*

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